29.9.08

Ciclovia coloca utilizadores em perigo



A aposta na construção da ciclovia na Avenida Marginal foi acertada. Durante todo o Verão e também aos fins-de-semana, desde que o tempo ajude, é crescente o número de utilizadores de bicicletas em São Martinho do Porto. Além de promover a prática de hábitos saudáveis, uma via dedicada a bicicletas deve ser também uma aposta no aumento da segurança de quem circula de bicicleta.

No entanto, a concepção da ciclovia na marginal terá ignorado o facto de os utilizadores serem, em número elevado, crianças com pouca prática e o cruzamento nos dois sentidos ou as ultrapassagens serem perigrosas face à pouca lagura da pista e ao facto de não existir qualquer protecção para a estrada.

A situação de perigo é muito agravada no verão pelo facto de a ciclovia ser abusivamente utilizada pelos carrinhos a pedais alugados que impedem a circulação de bicicletas, empurrando-as sistematicamente para a estrada. Isto sucede com muitas crianças que são obrigadas a saltar para a estrada com o perigo que isso significa.

Por outro lado, o facto de esta ciclovia na marginal ser contigua a uma via de circulação automóvel de uma só faixa convida a que a pista sirva muitas vezes como faixa de ultrapassagem automóvel ou até mesmo de estacionamento. Esta situação coloca em perigo os utilizadores da ciclovia.

Estes factos são alvo de frequentes comentários e críticas, faltando, como acontece muitas vezes, a concretização de acções e medidas artuiculadas por parte autoridades competentes por garantir a segurança e bem estar dos cidadãos.

A ciclovia da Avenida Marginal de São Martinho do Porto, nas actuais circunstâncias, constitui um perigo para a segurança dos seus utilizadores, particularmente crianças. Não esperando a resolução total do problema que reside desde logo num erro de concepção, exige-se a tomada de medidas minimizadoras da insegurança existente na ciclovia da Avenida Marginal de São Martinho do Porto.


Este mesmo texto será enviado para:

Governador Civil de Leiria

Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça

Presidente da Junta de freguesia de São Martinho do Porto

Grupo Territorial de Leiria da GNR

Órgãos de Comunicação Social Regional
Esperando que as entidades oficiais com competentes não esperem por um grave acidente para agirem.

Quase clandestina


Nesta época, São Martinho torna-se uma praia quase clandestina, passa a "não vigiada" e restam os "são martinhenses" mais persistentes e os (cada vez mais numerosos) estrangeiros, entre os quais, em particular, ingleses.

Embora não vigiada, nesta altura do ano, quando os dias são bons, são dos melhores do ano. Foi o caso do passado Sábado.

22.9.08

Outono


Mais um verão que termina... Esta foto (e respectivo texto) da Isabel Goulão no blog Abrupto tem cerca de um ano. Mas repete-se ano após ano...

Desconfio que há por aí gente que quando vir esta fotografia não deixará certamente de sorrir. Há-de lembrar-se das bolas de Berlim, dos pastéis de nata, das tranças e de tantos outros bolos que terá comido em muitos Verões de S. Martinho.
Noutros tempos, a vendedora (quase todos a tratam pelo nome) trazia a caixa branca à cabeça. Com o peso dos anos veio o peso da caixa e há uns anos apareceu com este carrinho. A bola de Berlim não precisa da buzina para se fazer anunciar. A roupa branca e as crianças a correr para o carro chegam muito bem para ver a lata ao longe. A muitas conhece-lhes o nome, como já conheceu o dos pais. Pacientemente, vai puxando os tabuleiros e mostrando os bolos: "Areia não, meninos!". Despedimo-nos dela no final da praia, quase sempre "até para o ano".


Isabel Goulão


19.9.08

"São Martinho do Porto", por Isabel Xavier

O cinema era na "rua do cinema", (havia a rua do cinema, tal como havia a rua dos cafés) e eu tive grande pena quando o demoliram. Mais ou menos como nas Caldas, com o Ibéria, que também não tinha grandes condições... Também eu, os meus irmãos e amigos íamos sempre para a geral. Só iam para a plateia os velhos e ir para lá seria um desprestígio para qualquer um de nós.

Em Setembro, então, S. Martinho era algo de inesquecível e o cinema ganhava particular relevância: apanhávamos limo, o que nos dava imenso trabalho, que púnhamos a secar na casa da Salette e íamos vendê-lo às cavalariças, só para ter dinheiro para ir ao cinema! Era muito mais como o "Cinema Paraíso" do que se pode pensar e, desculpem-me a ousadia, mas aquele pormenor que o Jales conta de passarem a segunda parte antes da primeira parece-me ser prova disso mesmo.

Nunca gostei de frequentar a praia da Foz - gosto de lá ir de Inverno - porque me parece que vou a andar pela rua das montras, mas em fato de banho, o que não me parece grande vantagem. Por isso mesmo, penso que as pessoas que iam a essa praia também olhavam umas para as outras, e talvez ainda com mais insistência, por se conhecerem de todo o ano.

Hoje não vou a nenhuma destas praias, mas por razões diferentes: à Foz pelas de sempre e ainda porque o banho lá é tramado, a S. Martinho pela nostalgia que me causa o facto de os meus pais já lá não poderem estar, como sempre estiveram, durante toda a vida, nos meses de Verão.

Já agora, a vida nocturna na Foz seria mais recomendável do que a de S. Martinho, naquele tempo?

Aqui nas Caldas sempre tiveram uma "dorzinha de cotovelo" pela frequência de elite que S. Martinho apresentava naquele tempo.

Aquela paisagem era (e é) linda, os passeios à capela de Santo António, memoráveis, os horários rígidos do banho, a compra dos bolos à Rosa, à Natália, à Iracema, a manutenção dos vizinhos de barraca durante uma vida inteira, a ida nocturna à rua dos cafés, com a indumentária apropriada a cada ocasião (de manhã roupão de praia, à tarde saia de praia, à noite toilettes mais sofisticadas), faziam de cada dia um ritual e isso é muito mais importante do que pode parecer à primeira vista.

Tudo isso se perdeu... S. Martinho era das poucas praias que, na nossa zona, tinha uma atmosfera própria, inconfundível e que quem lá ia não dispensava ano após ano.


Isabel Xavier


publicado no blog "Externato Ramalho Ortigão - Antigos Alunos"

O Cais


"Nós fomos ao cinema em São Martinho", por João Jales

Comi um prego no prato e bebi duas imperiais com o João, enquanto esperávamos pelos nossos amigos, que jantavam a essa hora, oito e meia, com as famílias nas casas alugadas onde passavam o Verão em S. Martinho.

Sempre fui um indefectível adepto da Foz do Arelho, poucas vezes aqui vinha durante o Verão. Mas, nesse dia, surgiu uma boleia inesperada que me permitiu ir visitar meia-dúzia de amigos que lá estavam desterrados durante dois ou três meses. Felizmente a minha família nunca alugou casa em S. Martinho ou na Foz, nessa altura a vida nocturna de qualquer das localidades era para nós pouco apelativa.

Sendo o mais recente dos estabelecimentos de restauração, o Samar, onde estávamos, era frequentado por malta nova e veraneantes recentes. Os banhistas veteranos continuavam nos estabelecimentos tradicionais, na rua dos cafés. Aí a frequência era menos diferenciada, misturando gerações e grupos sociais, só o “Clube dos Betinhos”, situado na esquina dessa rua com uma transversal que subia a íngreme encosta, tinha o acesso reservado aos filhos dos novos-ricos, maioritariamente lisboetas, que chegaram a S. Martinho na segunda metade da década de sessenta. Mais ou menos ignorados nos locais “in” das Caldas (Casino, Azenha, Ferro-Velho), tinham aqui o seu pequeno mundo privativo. Os veraneantes mais antigos, maioritariamente alentejanos e ribatejanos, mantinham habitualmente uma relação mais descomplexada com a população local e com os caldenses, convivendo e misturando-se nos vários cafés e esplanadas existentes. Outro local nessa mesma rua, o “Delírio”, tinha um Rés-do-chão com pingue-pongue e bilhares (e até jogos electrónicos, a partir de 1971 ou 1972); e um primeiro andar, tenho ideia que reservada a sócios ou, pelo menos, a clientes habituais e mais velhos, que ali jogavam cartas. Como no Casino das Caldas, a maioria eram senhoras.

Num microcosmos tão pequeno como S. Martinho, em que o principal passatempo era olhar para os outros, os meus amigos não tinham muitos locais de encontro alternativos aos dos seus pais e o Samar era, neste início da década de setenta, um deles.

Enquanto tomávamos o café, o resto do pessoal começou a aparecer. O Luís sugeriu uma ida ao cinema para “matarmos” estas horas mortas até à meia-noite. Ninguém sabia qual era o filme, mas a noite, com “muita humidade no ar” porque “estava a cacimbar” (eufemismos que os veraneantes ainda hoje usam quando chove à noite, o que é frequente), tornava o conforto do cinema atractivo.

Mas a realidade era bem diferente já que, verdadeiramente, não existia “cinema” e muito menos “conforto”. O termo cinema refere-se normalmente a uma sala de espectáculos com as condições mínimas para a projecção e visionamento de um filme. O barracão onde me encontrei em S. Martinho do Porto não tinha nada a ver com isso: parecia uma velha arrecadação, com as paredes exteriores de cor amarelada, muito sujas, e com o interior forrado a madeira. Sentámo-nos numas duras cadeiras sem qualquer almofada ou forro. Soube depois que estávamos na “geral”. A parte de trás, a “plateia” propriamente dita, tinha sete ou oito filas com cadeiras um pouco mais confortáveis mas, como eram mais caras, não foi lá que ficámos.

- A diferença do preço do bilhete dá para beber uma imperial a seguir – explicou-me o Mário.

A inclinação do chão era insuficiente para garantir o integral visionamento do ecrã, sempre meio tapado pelas cabeças dos outros espectadores. Excepto para os da 1ª fila, que estavam tão próximo dele que poderiam usar a tela como lenço sem se inclinarem demasiado e até sem que ninguém desse por isso. Claro que ninguém o fazia, até porque a cor castanho-amarelada da tela sugeria que outros já a teriam usado dessa forma, muitos anos atrás.

Lembro-me de pensar que, mesmo a chuviscar, seria bem mais agradável estar lá fora, na esperança de uma troca de olhares mais prolongada com uma das garotas que se exibiam no cais ou nas esplanadas, mas o dinheiro do bilhete já era irrecuperável, pelo que decidi ficar.

Estranhei que, mal as luzes se apagaram, aparecesse imediatamente um bando de barulhentos índios a cavalo perseguindo várias caravanas que seguiam por um estreito caminho, ladeado por uma perigosa ravina, a uma velocidade vertiginosa.

A imagem era tão má que limpei duas vezes os óculos, julgando-os embaciados, mas não, era mesmo assim a projecção, nebulosa e com as cores muito desmaiadas. Ao longo da hora seguinte tivemos direito a muitos tiros, sangue e cavalgadas, o nosso herói impediu o massacre de toda uma família e salvou a donzela raptada pelos peles-vermelhas, com quem depois se casou. Tirando isso, tudo acabou em bem, com as palavras The End a sobreporem-se a um casto e longínquo beijo. Acenderam-se as luzes e preparava-me para sair quando fui informado que era apenas o intervalo. Intervalo? Outro filme? Pelo preço de um bilhete? Não estava habituado a esta generosidade no Chagas ou no Ibéria.

Fumámos um cigarro no estreito pátio exterior e regressámos, ao som de uma roufenha campainha. Desta vez o filme começou normalmente, com títulos, nomes e ficha técnica, mostrando uma família em dificuldades financeiras a ser ameaçada de ser expulsa das suas terras por um agiota de mau carácter. O banqueiro vilão era parecido com os actuais e, num ápice, executava a hipoteca e despejava a família. Esta decidia rumar para Oeste, com todos os seus parcos haveres arrumados numa caravana, em busca de melhor vida. Eu entretanto começara a protestar, já que os actores e as personagens eram os mesmos que nós víramos ser perseguidos, raptados e até assassinados pelos índios antes do intervalo: estávamos a ver a primeira parte do mesmo filme!

O Luís conseguiu acalmar-me com o argumento de que tanto fazia, ia acabar por ver o mesmo tempo de cinema e sair à meia-noite, hora de beber uma imperial. Afinal, passar o tempo da digestão do jantar era o objectivo da ida ao cinema… E, como eu podia facilmente verificar, mais nenhum dos espectadores que enchiam a sala estava incomodado com aquela pequena inversão na projecção. E filosofou:

- A ordem pela qual a história é contada é arbitrária e indiferente, o banqueiro fica com o Rancho, a família melhora de vida com uma propriedade maior e melhor no Oeste, os índios são todos mortos pelo cowboy e os heróis casam. Que importa que tudo isto aconteça na primeira ou na segunda parte?


João Jales



publicado em "Externato Ramalho Ortigão - Antigos Alunos"

17.9.08

São Martinho do Porto na Região de Turismo do Oeste


De acordo com a Rádio Cister, o presidente da câmara de Alcobaça - Gonçalves Sapinho defende a integração do município de Alcobaça na Região de Turismo do Oeste.

Alcobaça faz actualmete parte da Região de Turismo de Leiria - Fátima, no entanto, o presidente da câmara de Alcobaça quer abandonar esta região e trazer consigo também o concelho da Nazaré.

Esta pretensão de Gonçalves Sapinho faz todo o sentido. Para Alcobaça e em particular para São Martinho do Porto, a Região de Turismo do Oeste trará vantagens em termos de promoção turistica, permitindo aproximar-se de mercados com maior potencial para o concelho.

A Câmara de Alcobaça, pela mão do seu presidente, apostou claramente na qualificação de São Martinho do Porto com o objectivo de valorizar o seu potencial turistico. Muito ainda falta concretizar, mas como nunca, São Martinho foi alvo de investimentos publicos que contrariaram anos de desqualificação.

Com esta aposta turistica em São Martinho do Porto, a Região de Turismo do Oeste é a que melhor se adequa a esta estratégia. Uma região mais ligada ao mar e a tudo o que dele se pode retirar. Uma região mais próxima de Lisboa e a todo o potencial turistico daí proveniente. Uma região em que Alcobaça e São Martinho do Porto se podem orgulhar de oferecer condições de excelência que devem de continuar a ser qualificadas e perservadas.

Gonçalves Sapinho fez a escolha acertada para Alcobaça e para São Martinho do Porto - a Região de Turismo do Oeste.